Boa disposição

02/05/2024

Naquela noite ela dormiu preocupada com as notícias, com a polarização que observava nos grupos próximos, também na humanidade.

Uma noite agitada com muitos pesadelos, acorda, dorme, acorda.

Já na madrugada, nas primeiras luzes do dia, lembrou de uma frase que havia lido em um curso escrito por Jorge Waxemberg.

Em qualquer circunstância, manter uma boa disposição para com os outros, nos abre caminho para não ferir, não criticar, escutar e trabalhar unidos e em equipe

– Puxa vida- pensou ela, e começou a refletir e meditar sobre a frase e sobre as ideias que a mesma exprime.

Não ferir, não criticar. Vejamos…

– Há muitas formas de críticas – ponderou.

– Há as que ajudam, que são positivas, que ensinam algo a alguém. 

Principalmente quando a crítica é solicitada. 

Neste caso é uma forma de ajuda. 

Esse tipo de crítica não fere..

Outra forma de criticar é opinar sobre algo ou alguém sem haver sido consultada. 

Ou, quando se julga a aparência de alguém.

A forma de vestir, por exemplo, sem considerar a cultura da pessoa, qual é seu país de origem ou quais são suas possibilidades sociais.

É comum ainda a crítica à conduta dos demais como se fôssemos juízes da moral e da ética -.

Ela percebeu, então, que há uma atitude interior comum a todo tipo de crítica que fere: estabelecer de antemão a intenção. 

Pensar que sabemos o motivo pelo qual o outro faz e age do modo que faz e age. 

  • Quando penso “eu sei porque ele é assim, ou porque ela faz isso” me faz ter certeza de que o outro errou – percebeu espantada.
  • E esta reação me faz desvalorizar rapidamente a tarefa dos demais. E, claro, ainda mais quando não estão de acordo com o que eu penso ou com o modo como eu faria as coisas.

Concluiu que um caminho seria silenciar o impulso de pensar que sabe o que o outro dirá ou fará. Este primeiro passo para não ferir abre caminho para o segundo.

Escutar

  • Dizem que escutar é uma arte e precisa ser treinada, praticada – refletiu. Muito se está falando sobre escuta ativa e os benefícios em praticá-la. Escutar de forma ativa começa com o coração. 

Na verdade, escutar com o coração é como abrir um abraço de acolhimento. Dá segurança para que quem fale sinta esse calor de empatia e de amizade. Cria um ambiente seguro para a expressão e para a confiança.

Depois seguem outras atitudes que vejo que ajudam. Escutar desde a perspectiva de quem fala, não da nossa, sem prejuízos. 

Também entender o contexto de onde nasce o que está sendo contado, preocupações, idade, cultura, e objetivos, entre outras coisas.

Acho que a escuta ativa é uma oferenda de amor ao outro. É estar no momento presente!

E com toda esta compreensão ela se lançou ao terceiro passo.

Trabalhar em equipe

  • Muito se fala de trabalho em equipe, objetivos comuns, compartilhar ideias, contribuição. Mas que tal enfocar além destas idéias? Trabalhar em equipe é uma atitude de ser útil, de estar a serviço. É estar para o fazer o que faz falta ser feito.

Exemplo, se chego em casa e a louça está suja, é obvio que precisa ser lavada. A atitude de equipe aí é – lavar a louça – simplesmente. 

Em qualquer ambiente e em qualquer contexto, sempre há algo que necessita ser feito. Trabalhar em equipe significa estar à disposição. Boa disposição!

Depois de refletir sobre esses aspectos da vida, resolveu ir ao dicionário e lá encontrou o verbete – boa disposição

Ficou encantada com a definição que encontrou:

Estado de quem apresenta uma boa condição mental ou física. Estado de contentamento, satisfação, alegria: de onde vem essa sua boa disposição? Desejo de agradar, de satisfazer os desejos de outrem: boa disposição para ajudar no projeto.

Além de poder participar de forma mais ativa na vida, esse estado também lhe ajuda a ter mais contentamento, satisfação e alegria?

Ganhou mais força sua vontade de pôr em prática.

Boa Disposição passou a ser um mantra para ela. 

Sempre que percebe que julga ou critica, repete para ela mesma – boa disposição. 

Se alguém quer contar algo, ela pensa – boa disposição. 

Quando lhe pedem para fazer algo – boa disposição.

Boa disposição!

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Por Marilda Clareth
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