spiritual development

Diversidade e Espírito

07/01/2025

Provavelmente, se você parou para ler esta página, é porque está buscando algo. 

Então, olá!  Comecei a minha busca muito cedo, muito jovem.  No início, os meus pais me orientaram a seguir uma religião. Aprendi a sua prática e, em parte, a sua mística. Um bom começo. No entanto, após anos de silêncio, conheci um casal de idosos maravilhosos. Eles, sem pretenderem nada mais do que dialogar e me mostrar outra possibilidade de vida, me falaram sobre Cafh. Pensei e pensei e pensei sobre isso. O que poderia fazer um homossexual em um caminho espiritual, quando eu estava me sentindo sem lugar e não queria estar em uma religião?

Era início da década de 90, em uma cidade pequena, e eu tinha 22 anos. Embora tivesse minhas dúvidas, não podia ignorar nem a minha orientação sexual nem a minha orientação espiritual. Decidi naquele momento ver se Cafh era um caminho para mim e me surpreendi ao ler: “Os membros de Cafh sustentamos que desenvolver-nos espiritualmente é a nossa tarefa fundamental e que, através do nosso desenvolvimento espiritual, podemos chegar a conhecer a nós mesmos e compreender a nossa relação com a vida, com o mundo e com o divino.” Eu queria me conhecer e investigar a minha relação com a vida!

Mas uma sombra de incerteza permanecia em minha mente. Em muitas práticas espirituais, as intenções eram boas, mas as práticas costumavam implicar rígidas concepções tradicionais. Meu querido amigo Oscar, orientador na época, me surpreendeu ao me contar que em Cafh havia o seguinte princípio: “Os seres humanos temos o direito de exercer a liberdade de pensar, sentir e decidir sobre a nossa própria vida, sem a interferência de outros. O exercício de liberdade é básico para o desenvolvimento humano e nos dá inúmeras possibilidades…”

Há 33 anos, continuo transitando neste caminho espiritual, com muita liberdade. Você pode se perguntar por que estou fazendo este pequeno resumo de minha vida. É porque quero lhe dizer que a busca que você está fazendo é um processo interior individual. Da mesma forma que os outros caminhos espirituais têm um meio para realizar esta busca, como por exemplo, o corpo, a contemplação, a oração, em Cafh o nosso meio é a Renúncia.

Vou lhe explicar brevemente. No trajeto de meu trabalho para casa, passo de carro por uma colina. Geralmente, vou escutando um programa de entrevistas, no rádio, mas quando chego na colina, perco o sinal. As opções são duas: ou paro na colina, no acostamento da estrada até o programa terminar ou continuo a dirigir e perco a entrevista. O tempo flui, e temos apenas a opção de decidir o que fazemos com ele. Da mesma forma, os processos da vida transcorrem, e ou mergulhamos na inconsciência ou aceitamos a oportunidade única de dar direção à nossa vida. Para isso, é fundamental saber intimamente quais interações eu descubro em meu interior, em relação ao mundo e ao desconhecido, para ir desenvolvendo uma consciência profunda que evolui. Em Cafh, o conjunto de ações para esse potencial de evolução da consciência é chamado de prática da Renúncia.

O tempo, nós o percebemos, em realidade, pela duração dos movimentos, das mudanças. O mar anuncia sua presença com as ondas que acariciam a costa. Da mesma forma, percebemos o Estado de Renúncia através de práticas de silêncio e meditação. Defini-lo enquanto estado implica encurtá-lo ou, pior ainda, afirmar-se em uma crença. Assim, como quando você coloca o seu pé no mar, é o contato com a água que lhe permite olhar e perceber a imensidão do oceano. Os caminhantes chegamos até ele se tomarmos essa decisão e a experiência de fazê-lo é um encontro íntimo e pessoal sem a mediação de outros. E o mar não pode deixar de nos receber.

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