Mensagem de Plenilúnio 2015

É indubitável que com o passar do tempo a sociedade avançou em muitos aspectos de seu desenvolvimento. No entanto, parece que a nossa capacidade de conviver em paz e harmonia não consegue se desenvolver no ritmo do avanço científico e técnico da sociedade.

Ondas de irracionalidade se propagam pelo mundo e ganham vida sentimentos, emoções, atos, que acreditávamos que, como humanidade, havíamos superado. É assim que nos surgem perguntas que, na maioria das vezes, desejamos que se resolvam de maneira milagrosa e sem se realizar nenhum esforço de nossa parte. Como ocupar o próprio lugar no mundo e não dois lugares, coexistir em harmonia, aceitar a diversidade em nossa sociedade convulsiva? Como poderíamos gerar uma onda com a mesma força, mas desta vez com consciência, de amar por amar, de respeito, de reverência pela vida?

O chamado de nossa vocação de renúncia nos pede para não dilatar nossa resposta, mas para que essa resposta seja efetiva, temos que estar centrados no que essa vocação significa. A mudança de uma atitude egoísta de agressão e de competição para uma atitude inclusiva e participativa requer toda nossa energia. Nossa história como seres humanos nos mostra uma sucessão de guerras e de matanças que até o dia de hoje não cessou. São séculos alimentando hábitos nessa direção. Em nosso coração albergamos o ousado sonho de reverter e suplantar esses hábitos por outros novos e diferentes. Novos, porque estão enraizados em novas atitudes. Diferentes, porque as novas atitudes nos levam a apelar para a voz de nossa vocação a qual nos sussurra que o coração de cada ser humano conta com a faculdade de realizar a alquimia interior que transforma o temor, a vingança, os desejos possessivos em confiança, em inclusão e em participação por amor; porque cremos firmemente que as respostas por reação, defensivas, podem ser substituídas por compreensão, solidariedade, assistência abnegada.

Quando se descerram os véus que cobrem nosso discernimento, vemos sem dificuldade que Os Dois Caminhos se apresentam em cada instante para nos dar a possibilidade de gerar estes novos centros de força em nosso ser. Tudo nos chama para que deixemos de lado a dispersão de buscar fora o que temos dentro e para que concentremos nossa energia em fazer emergir todo o potencial de bem que albergamos no coração. Com serena convicção centremo-nos em dar e dar mais, sem reparos, sem condicionamentos nem reservas.

Apoiemos nosso fazer nesta realidade interior que vamos compreendendo ao longo de nosso caminho de consciência e vontade de desenvolvimento. Demos vida de maneira cotidiana a essas verdades que lutam para sair de nosso interior, sem grandes cenários que nos distraiam de nosso propósito. Para isto necessitamos contar com a audácia dos que concebem uma ideia e se dispõem a realizá-la.

Ousemos, então, dar o passo que nos leve não só a conferir solidez intelectual ao que já aprendemos, mas para ir mais além. Exercitemos nossa vontade de desenvolvimento para transcender as estruturas mentais que temos construído com o tempo e assim abrir-nos a outras realidades para ir mais além do que a nossa razão rotula como meras possibilidades.

Se temos compreendido que amar os demais é um avanço para a humanidade, não cubramos com véus esta descoberta por temor de que nossa consciência nos reclame coerência com o aprendido.

Se temos compreendido que nossa vocação é de renúncia e temos confirmado isto com nossos votos, não cubramos os olhos para não ver quando não estamos honrando nosso compromisso de oferenda.

Se temos compreendido que amar a nós mesmos é tão indispensável como aprender a amar os demais, não deixemos de lado este conhecimento como um a mais que acumula o pó do esquecimento em nossa mente. Amemo-nos convencidos de que quanto mais amor gerarmos em nosso coração, mais aptos estaremos para responder aos que dele necessitam.

Se temos compreendido que a participação com a consciência cósmica é nosso destino, empreendamos o caminho participando com a alegria e a dor alheias, em vez de entrincheirar-nos por trás dos limites de nossos próprios e reduzidos interesses.

Se temos compreendido que presença é não fugir da realidade, mas abraçá-la, não percamos este vislumbre de consciência universal que luta por abrir passagem em nossas vidas e mantenhamo-nos presentes quando alguém sofre. Enfrentemos a realidade de nosso mundo interior e do mundo em que vivemos. Não abandonemos, nem por um instante, nosso lugar no Corpo Místico de Cafh, porque é nossa responsabilidade enriquecer a experiência de todos os Filhos e Filhas com a nossa.

Se temos compreendido que a reversibilidade há de ser a característica de nossa espiritualidade, flexibilizemos nosso modo de pensar e façamos a pratica de liberar nossa mente de modos de pensar já trilhados, rígidos e predeterminados.

Se temos compreendido que o amor é um caminho que sempre conduz para um bom final, não nos cansemos de amar, de exercer a capacidade de dar-nos, de amar por amar, de introduzir em nosso coração uma energia que dê vida em vez de tirá-la.

Se temos compreendido que o discernimento é indispensável para realizar um sadio trabalho de desenvolvimento espiritual, não nos escudemos na ignorância para não escutar o que nosso discernimento nos diz.

Se temos compreendido que a confrontação violenta só produz uma escalada de violência, afastemos nossos passos desse caminho de dor.

Parece simples cumprir a nossa vocação, mas somente o transcurso dos dias prova nossa constância na entrega. Cada dia vivido, identificando-nos com a Integridade da Grande Obra e contribuindo com a nossa energia para a Grande Corrente, adquire sentido até em seus mais ínfimos detalhes, porque nada fica de fora.

Não se trata de fugir do redemoinho, mas de atuar de maneira a direcionar a força da vida para uma finalidade que nos leve a que tudo colabore a favor do desenvolvimento das almas e do cumprimento do Plano Divino sobre a Terra.

Demos um primeiro passo intensificando o trabalho de reservar as nossas energias e evitar a dispersão. Demos um segundo passo fortalecendo nosso espírito de recolhimento. Busquemos mais assiduamente deter a correria da vida impulsionada por desejos possessivos que nos levam cegamente para a nossa destruição.

Demos um terceiro passo acrescentando nosso espírito de oração, o qual direciona nossa vida para os valores transcendentes, que nos orientam a voltar nosso olhar perseverantemente para a Divina Mãe.

O caminho de Cafh nos proporciona todos os meios para ativar nossas potencialidades e realizar a Obra que nos foi encomendada.

Ponhamos tanto amor para cumprir seu Método que possamos tornar real o ideal, possível o que cremos impossível: criar um mundo em que reine a paz.

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